Show "Espelho d'Água", da Gal Costa - Festival Satélite 061 - Apresentação de 25/09/2016

Não é sempre que se tem a honra de assistir a um show de Gal Costa em Brasília - ainda mais sendo um show gratuito, em um dos mais lindos cartões postais da capital federal, ainda mais sendo este um show acústico com grandes sucessos da longeva cantora, e ainda mais no dia exato do aniversário de 71 anos dessa grande diva da música brasileira. Sim, a apresentação de Gal contou com tudo isso, e acabou se transformando em uma mágica noite que quase foi por água abaixo - no sentido mais literal que esse clichê pode representar.

Créditos: Satélite 061 - 24 Horas no Ar/ Facebook

Previsto para começar às 22h30, fechando a última noite da quinta edição do Festival Satélite 061, que aconteceu em 2016 na Torre de TV, o show quase não pôde ser resenhado - uma forte e torrencial chuva caiu horas antes da apresentação, levando-me a quase desistir de ir ao evento, que acontecia em um local aberto e descampado. No entanto, com o apoio e a presença de Amanda Brants - sempre ela para me acompanhar nesses programas alternativos e com chances reais de dar merda -, lá fomos nós para o festival. Lá chegando, a chuva já havia dado uma trégua e, enquanto não começava o show de Costa, fomos para o palco alternativo, onde um DJ discotecava hits da atualidade e do passado recente - leia-se, anos 1990- junto com raps brasileiros sensacionais. Dançamos bastante ao som de artistas como Criolo, Emicida, Karol Conká, Gorillaz, Katy Perry, Beyoncé, entre outros, antes de irmos para a atração principal da noite.

Créditos: @satelite061/ Instagram

Com cerca de vinte minutos de atraso, Gal Costa subiu exuberante ao palco do Festival Satélite 061, e trouxe consigo o guitarrista Guilherme Monteiro para uma apresentação semiacústica, cantando os grandes hits de seus 50 anos de carreira, comemorados em 2015. A turnê "Espelho d'Água" acontece em paralelo à turnê "Estratosférica", na qual Gal canta as músicas de seu mais recente trabalho de estúdio, homônimo à turnê. Assim, músicas mais recentes de seu repertório, como "Quando Você Olha Pra Ela", "Sem Medo Nem Esperança" e "Miami Maculelê" estavam presentes nesse show. No entanto, o público brasiliense se deleitou ao som de canções marcantes, como "Passarinho", "Folhetim", "Vaca Profana", "Sua Estupidez", "Tigresa", "Você Não Entende Nada", entre outras mais.

Na ordem, as músicas apresentadas por Gal: "Caras e Bocas" (Caras e Bocas, 1977), "Passarinho" (Índia, 1973), "Minha Voz, Minha Vida" (Minha Voz, 1982), "Folhetim" (Água Viva, 1978), "Vaca Profana" (Profana, 1984), "Volta" (Índia, 1973), "Sua Estupidez" (Fa-Tal - Gal a Todo Vapor, 1971), "Coração Vagabundo" (Domingo, 1967), "Negro Amor" (Caras e Bocas, 1977), "Tigresa" (Caras e Bocas, 1977), "Tuareg" (Gal, 1969), "Baby" (Gal Costa, 1968). "Dom de Iludir" (Minha Voz, 1982), "Um Favor" (Caras e Bocas, 1977), "Solitude" (Caras e Bocas, 1977), "Você Não Entende Nada" (Acústico MTV, 1997), e "Meu Nome é Gal" (Gal, 1969).

Ao final do show, uma grata surpresa para celebrar a noite de aniversário de Gal: seu filho, Gabriel, subiu ao palco, junto de membros da produção, com um bolo e a plateia puxou um coro de "Parabéns Pra Você" para a aniversariante. Lisonjeada pela surpresa, Gal agradeceu à -presença de todos e, assim, despediu-se de seu público - sem bis, sem medo, nem esperança. Sem dúvida, foi um show apaixonante e hipnotizante - sua voz magnânima é algo surreal, e a emoção que ela proporciona às letras que interpreta é algo único.

Fico muito feliz de ter podido prestigiar este medalhão da música popular brasileira, e fico grato por Amanda ter insistido em irmos para o Festival Satélite 061, mesmo com a adversidade causada pela chuva. Aliás, assim que recebeu a comemoração por seu aniversário, Gal olhou para a plateia e sentenciou: "Agora pode cair a chuva!" - e, como uma ordem da deusa, a chuva começou a cair em crescendo sobre o público, que logo se dispersou rumo à saída. Um timing perfeito, ou realmente um ato divino maravilhoso? Resta a dúvida...